Crianças, Doenças Crônicas e a Covid-19
5 de fevereiro de 2024Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
12 de fevereiro de 2024Sabendo de toda a importância do profissional na equipe multidisciplinar e visto que recebemos algumas dúvidas sobre sua participação, hoje o texto do blog será focado nos psicólogos da clínica e a importância desse profissional no tratamento de obesidade.
- Conhecendo a obesidade
Hoje a obesidade é considerada uma doença crônica e multifatorial, caracterizada pelo excesso de acumulo de gordura que traz prejuízos a saúde física e emocional. Como condição multifatorial precisamos entender alguns fatores que podem contribuir para o aumento do peso, dentre eles estão:
- alterações hormonais;
- sedentarismo;
- hábitos alimentares inadequados;
- hereditariedade;
- alterações no padrão de sono;
- ambientes obesogênicos;
- e também fatores emocionais
A obesidade deve ser vista e cuidada como uma doença, pois ainda, em nossa sociedade, é vista por muitos como uma condição associada somente a hábitos inadequados ou ainda como preguiça e falta de motivação. Quando partimos do conceito de doença pressupomos um tratamento adequado, que passe a olhar o indivíduo como um todo, e a partir desse ponto todo o tratamento deve ser planejado de forma individualizada.
- Como a psicoterapia pode ajudar no tratamento da obesidade?
O processo psicoterapêutico auxilia a pessoa a se conhecer mais, permite identificar sentimentos e nomeá-los. Mas por que nomeá-los? Sabe aqueles momentos que alguns comportamentos e sensações acontecem e simplesmente parece que se repetem? Aí está a importância do autoconhecimento. O psicólogo, ao conhecer a história do paciente, vai ajudar o mesmo a identificar nas situações vivenciadas quais estruturas de pensamento fundamentam a maneira que ele percebe as sensações e sentimentos que ocasionam o comportamento que o levou à obesidade. O processo psicoterapêutico é um mergulho para dentro de si, um processo que auxilia a pessoa a se olhar e se reconhecer, possibilitando assim um resgate da autoestima.
- Tratamento x Cansaço
É muito comum a pessoa que busca tratamento para perda de peso, encontrar orientações especializadas, porém isoladas. Muitos pacientes já realizaram consultas com médicos endocrinologistas, esses indicaram o uso de medicamentos com objetivo de aumentar a sensação de saciedade ou diminuir a ansiedade, seguiram dietas prescritas por nutricionistas ou nutrólogos, ou ainda buscaram informações em outras fontes como a internet. Porém a pessoa que busca o emagrecimento e cuida apenas de um dos fatores aumenta muito as chances de apresentar a recidiva. A recidiva é a volta do paciente ao estado de obesidade e é conhecida popularmente como “efeito sanfona”. A recidiva é caracterizado por falha na manutenção do tratamento em que um resultado imediato de perda de peso é alcançado, mas seguido pelo ganho (às vezes levando a pessoa para um peso maior que o inicial). O fato de voltar a ganhar peso gera cansaço, desânimo e por vezes a sensação de impotência, agravando mais ainda o ganho de peso. São diversos fatores que levam ao “efeito sanfona”, dentre eles:
- não entendimento da obesidade como crônica;
- abandono;
- retorno a velhos hábitos.
Algumas equipes multidisciplinares contam com a participação do psicólogo para ajudar nesse tratamento, pois a pessoa que sofre com o “efeito sanfona” apresenta um cansaço que pode gerar baixa autoestima e conflitos com a autoimagem. Um processo psicoterapêutico inicialmente breve e focal auxilia na identificação de falhas no planejamento alimentar. Você já se fez essa simples pergunta: Sinto fome no momento das refeições? Essa pergunta parece simples, não é? A partir daí é possível reconhecer hábitos de organizações, prioridades, capacidades de planejamento. Mas e se a resposta for: “não sinto fome”, entenda a fome como necessidade fisiológica.
Você percebe se come por ansiedade, engole a raiva, a tristeza, a alegria, os “sapos” do dia a dia? Esse é o primeiro passo para que com a ajuda do atendimento psicológico você possa começar a refletir e entender a respeito da sua relação com o alimento.
- Relação alimentos x afeto
Todos nós temos uma relação com os alimentos que passa pelo nível dos afetos. É muito comum vermos informações que esclarecem as diferenças entre fome física e fome emocional, aprender a perceber essas diferenças é o primeiro passo para começar a pensar quais as relações que estabelecemos com os alimentos. Essa relação de afeto é trazida lá da primeira infância, quando o bebê chora e lhe é oferecido o leite materno, seja no peito ou na mamadeira.
É desde esse momento que se inicia essa relação, e pode acontecer de outras necessidades ou sensações serem reforçadas com alimentos. Com o crescimento essa relação pode ser reforçada quando alguns alimentos são colocados no lugar de prêmios. “Se você se comportar poderá comer um sorvete”, “Será só uma picadinha e depois o seu lanche favorito”. E conforme você cresce, vai percebendo que o alimento ocupa um lugar de importância em nossa cultura, festas, jantares, confraternizações, happy hours. Dessa forma, cada um vai estabelecendo uma relação diferente com os alimentos, mas todos nós temos a fome emocional!
A partir dessas primeiras relações, associadas à preferências, estímulos, fatores ambientais e ritmo de vida formamos os nossos hábitos, e muitas vezes nem nos damos conta de como um hábito foi instalado. É um dia corrido, uma semana com contratempo e impossibilidade de planejar as compras, preferências de alguns membros da família, alterações em horários da escola dos filhos, reuniões longas. Enfim, é necessário parar, respirar e começar um trabalho que se assemelha ao de um detetive, é nesse momento que o psicólogo pode começar a te ajudar.
- Acompanhamento psicológico
Agora é a hora que juntamos os conceitos discutidos acima. É necessário que a pessoa tenha uma vontade inicial de conversar com o psicólogo. No início, será um trabalho de investigação para conhecer seus hábitos, suas preferências, o histórico da doença, as tentativas anteriores de tratamentos, como é a percepção da obesidade. A partir de alguns pontos iniciais é realizado o plano de tratamento, que vai auxiliar o paciente em alguns pontos de reflexão sobre seus pensamentos e comportamentos, sobre como está relacionado com o corpo, quais as expectativas que está depositando no tratamento todo e identificar possíveis questões emocionais que estejam interferindo na perda de peso.
Além dessas proporções, um acompanhamento psicoterapêutico, te auxilia a manter-se motivado, a perceber em quais momentos você pode estar se auto sabotando, se afastando de seus objetivos. É importante que o psicólogo que vai receber essa demanda esteja atualizado e engajado no trabalho conjunto com outras especialidades, pois o olhar multidisciplinar possibilita um maior sucesso no tratamento.
Se você ficou curioso ou percebeu que um atendimento psicológico pode te auxiliar, agende um horário, experimente esse autocuidado.
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